1001 discos para ouvir antes de morrer: Nevermind

Em 2015, comecei a coluna Yellow Sounds no PontoJao, falando sobre álbuns da lista dos 1001 para ouvir antes de morrer. Agora, faço uma releitura dos posts e álbuns aqui, no Yellow

Cá estamos com mais um texto sobre Nevermind sendo apresentado a você. Antes de recomeçar a Yellow Sounds em sua versão 2.0, me perguntei se valia a pena mesmo escrever sobre o disco de maior sucesso do Nirvana e conclui que sim.

Metade das pessoas que escrevem sobre rock já o fez em algum momento e é provável que parte da outra metade ainda o fará, mas nem isso me fez mudar de ideia.

Reparei que, mesmo que Smells Like A Teen Spirit seja uma das músicas mais batidas de todos os tempos, vira e mexe Nirvana, Kurt Cobain, Nevermind e Teen Spirit voltam a ser assunto. Como se não bastasse, tem gente descobrindo agora que o líder mor do grunge morreu (em 1994).

Obrigada por isso, Joel | Recorte da Rolling Stone

Com isso, se eu estava em busca de razões ― ou desculpas, caso prefiram ― para recomeçar meus posts sobre os 1001 discos para ouvir antes de morrer da mesma forma que fiz anos atrás, acho que encontrei. Vamos?

Uma frase de efeito para Nevermind

“O álbum que mudou a história do Nirvana, mudou a história do grunge e mudou o conceito de ‘alternativo’ no universo musical”. Foi assim que eu abri o primeiro post que escrevi sobre Nevermind.

Queria ter encontrado uma frase renomada que fosse capaz de sintetizar o que o álbum representou e representa até hoje e, por não ter encontrado uma, criei e fiquei bastante feliz com o resultado.

Não é nada de extraordinário, não é mesmo? Mas é boa o bastante para explicar ao Joel e a quem mais começou a ouvir Nirvana recentemente. Isso porque, por mais que você não goste da banda de Kurt, Krist e Dave, deve ter o bom senso de perceber que não falei nenhuma inverdade.

Nevermind não é meu álbum favorito, mas é, sem dúvida o que revolucionou o mundo de Kurt Cobain e de sua banda que, em 1991, já tinha deixado de ser um sucesso só local e partir para conquistar o mundo rápido demais.

Tão rápido que talvez tenha piorado as dores de estômago que Kurt sempre alegou sentir. Tão rápido que talvez tenha feito a vida do frontman ruir de vez enquanto a mídia e os empresários faziam a festa em busca de mais dinheiro.

Enquanto Nirvana, que deveria significar algo como paz e felicidade plena, se transformava em um inferno para Kurt, jovens encontravam paz  naquele barulho apresentado pelo Nevermind.

Vale registrar que Nevermind foi o primeiro álbum com Dave Grohl e sua fúria estrondosa no comando da bateria da banda. Em experiências anteriores, Dave costumava chamar a atenção de modo a fazer a plateia querer enxergar sobre o ombro do vocalista para poder observar o dono das baquetas.

Com isso, é inegável que foi com o líder dos Foo Fighters que o Nirvana encontrou seu som mais poderoso, o mesmo que tornou Nevermind esse sucesso absurdo que me fez criar uma frase de efeito que, a essa altura, já me parece fraca para descrevê-lo.

Nevermind é genial mesmo não sendo meu favorito

Falar de Nirvana é algo que eu raramente faço, apesar de ser minha-banda-favorita-de-todos-os-tempos-e-pra-sempre-amém ou justamente por essa razão.

Acredito que, com o avanço dos anos, consigo ser cada vez menos passional ao analisar álbuns, músicas e o que for, mas também passo a ter menos interesse nisso quando o assunto é o Nirvana.

Por um bom tempo, tive um receio enorme porque quem desgosta de Nirvana não costuma fazer questão de esconder e não vê problemas em escolher palavras ácidas para expor seu ponto de vista.

Entretanto, o que ficou claro para mim é que não importa o quanto falem mal de Kurt Cobain e companhia, o que eles fizerem segue bastante relevante e isso não acontece sem motivo ― ao menos, não importou até hoje.

Sobretudo com seu Nevermind, o Nirvana mudou o mundo das demais bandas grunge, inclusive das que vieram antes. Também deu uma boa sacudida no universo musical e acabou, bem ou mal, alterando a definição de “alternativo” à época.

Kurt se gabava de suas influências punk e dizia que o Nirvana era uma banda punk. Se mesmo com o som mais marcado de Nevermind essa ideia não pegou como ele gostaria, estivemos mesmo diante de uma definição de alternativo que, a meu ver encaixa muito bem com a estética da banda.

Os três integrantes, em especial seus dois fundadores, eram verdadeiros desajustados. Krist ainda o é, apesar de toda consciência política que externou de forma mais veemente com o passar do tempo, criando uma figura mais séria para si.

O visual, sobretudo de Kurt, era desajustado. As entrevistas eram desajustadas, a sonoridade era desajustada e os shows, segundo os que puderam assisti-los, não fugiam à essa ideia. De alguma forma, ainda há quem diga que tudo foi friamente calculado por Kurt, mas eu duvido.

Acho que o que houve foi que ele soube ou se viu forçado a acolher o que era dito sobre ele e sobre sua banda e, então, construiu muita coisa em cima disso.

E deu muito certo; tanto que o universo musical não foi o único impactado por todo esse “desajuste”. Camisas xadrezes de flanela e “óculos do Kurt Cobain” são vendidos até hoje, volta e meia reapresentados em uma releitura da moda.

Falei tudo isso para dizer que acho que Nevermind é genial porque representa o ápice do entendimento de Kurt sobre como aproveitar o talento, o espaço, o timing e todo o desajuste que o Nirvana tinha para mostrar o quão incrível a banda realmente era.

Não me importa se, depois do sucesso inimaginável, ele quisesse voltar atrás e tenha feito isso com a sonoridade de In Utero (1993). Nevermind é genial ainda que não seja meu favorito.

Às vezes, mesmo usando meu talento no papel de fã, arrisco dizer que ele não queria voltar atrás, mas o fez porque sabia que dificilmente conseguiriam lançar um álbum que fizesse tanto sucesso quanto Nevermind.

Smells Like the only Nirvana song you know

Algo como “cheira como a única música do Nirvana que você conhece”.

Essa frase não é minha e já até virou estampa de camiseta, quis comprar, mas nunca rolou. É uma crítica que eu considero válida e que faz ainda mais sentido se estamos falando de Nevermind e do seu (você que está lendo) contato com a banda.

Aquela definição de som alternativo que o Nirvana ganhou tem relação direta com o lançamento de Smells Like A Teen Spirit. A faixa de abertura do Nirvana é a única que foi escrita por todos os integrantes da banda e, certamente, a música mais famosa dos caras.

Apesar disso, te faço um apelo como fã de carteirinha (de verdade, tenho até registro de Nirvamaníaco): não ouça Nevermind por causa de Smells Like A Teen Spirit e muito menos se limite aos clássicos para ouvir qualquer álbum do Nirvana ou de qualquer outra banda/artista a que seja.

Recomendação dada, vamos seguir falando desse álbum fantástico, que você p-r-e-c-i-s-a ouvir pelo menos uma vez antes de morrer!

Na sequência, de Smells Like A Teen Spirit, temos In Bloom uma música, que para mim, sempre vai zoar o fã modinha de Nirvana, quer tenha sido mesmo criada com esse propósito ou não. Falo daquele fã que “gosta de todas as nossas músicas bonitas”, mas que “não sabe o que isso significa”.

Logo depois, temos Come As You Are que se tornou o hino de toda uma geração (e algumas outras mais) de jovens que buscavam aceitação, de si próprios e dos outros ao redor.

Sonoramente, não é tão poderosa quanto Smells Like A Teen Spirit, mas me é mais significativa. Kurt sempre priorizou a melodia, mas está ai, em Come As You Are, uma das mensagens mais bacanas e literais que os caras já passaram em uma música.

Daí, vamos direto para minha parte favorita do álbum que começa em Territoral Pissings que, sim, me faz pular e correr loucamente pela casa. Espero que provoque reação semelhante em vocês! (Acontece o mesmo quando ouço Stay Way).

No meio de todo esse barulho, correria e confusão, temos também faixas mais tranquilas que dão equilíbrio ao álbum, como Drain You, Lounge Act, On A Plane e Something in the wayyeah… uh uhh”, que é a mais relax de todas.

E como isso aqui é Nirvana, o álbum não ia acabar nesse clima e é ai que entra Endless, Nameless para fazer mais um pouco de barulho. Para mim, Nirvana é isso: a paz em meio ao caos

Então, Nevermind é um álbum que vai entrar ou que já entrou para a sua lista dos discos para ouvir antes de morrer?

2 respostas

  1. *chorando de rir com o tweet do Joel hahaha*

    Também não é o meu álbum preferido do Nirvana, mas sem dúvida é um álbum memorável, uma experiência inesquecível. Que mundo triste esse sem Kurt Cobain, né? 🙁

    1. Quando eu vi esse tweet “ao vivo” eu quase não acreditei, fiquei até sem saber se podia rir! HAHA

      Concordo com você, que mundo triste esse sem o Kurt…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Quer indicação de música ou conversar sobre o assunto, ou descobrir mais de quem faz o Yellow? Me encontra aí:

Contato

Se você prefere emails a redes sociais, me manda um “oi” no [email protected] !

Álbum da vez!

O seu som no Yellow

Sobre TAGs

O mundo dos blogs é cheio de tags e é bem legal ser indicado a participar de alguma. Desde já, agradeço a todos vocês! Destaco apenas que só responderei tags aqui caso elas se encaixem aos assuntos do Yellow.
Agradeço pela compreensão!

Gostou do que eu escrevo e tá se perguntando se seu faço isso profissionalmente? Faço SIM! Entra ai no 'DeixaQue Eu Escrevo' para saber mais :)

HEY!