Por que eu (ainda) tenho um blog sobre música?

Um post que reflete sobre a trajetória do blog até aqui e conta porquê o Yellow ainda existe (e faz um pedido ao final)

Mais um ano começando, o quinto desde que o Yellow teve o seu primeiro post publicado — BritPop: músicas da minha trip à terra da rainha — em 02 de abril de 2014. Desde então, são 394 posts no ar e muitas mudanças…

No começo era o verb…

Quando tudo começou, os posts do blog tinham títulos em inglês porque, sabe-se lá a razão, eu achava mais legal assim. Era bom? Não, não era. Yellow ever shine já é algo que vai além do entendimento básico para um endereço digital brasileiro e, embora isso pudesse me ajudar a atrair o “público certo”, causava alguma confusão. Com os títulos, então, falantes nativos da língua-mãe portuguesa deviam olhar para a minha cara querendo saber “what the hell cê tá querendo, moça?”.

Gradativamente, abri mão dessa ideia maluca e comecei a escrever títulos em PT-BR mesmo. Porém, ainda estava presa no sonho de que eu poderia escrever aleatoriamente sobre o que eu quisesse e atrair a atenção das pessoas mesmo assim… A verdade é que esses “bons tempos” da blogosfera ficaram mesmo no passado e não vão voltar. O que força a gente a criar novas formas de criar conteúdo.

Com o tempo, criei o #ÁlbumDaSemana (que depois virou #ÁlbumDaVez) e aprendi a escrever sobre temas minimante relacionados a momentos ou eventos musicais relevantes. Minimamente porque eu nunca quis fazer do Yellow uma cópia de renomados portais de música que podem até ter começado minúsculos, mas encontraram meios de noticiar tudo, acompanhar lançamentos e comentar novidades.

… e de repente, o fôlego (quase) acabou!

Por um bom tempo, enquanto eu escrevia para o Yellow, publicava também no PontoJão. Lá eu tinha uma coluna sobre os 1001 discos para ouvir antes de morrer e eu me lembrarei disso por muito tempo porque foi o que me manteve viva na blogosfera mesmo com a respiração falhando por aqui.

mulher mergulhando em água
Photo by Jeremy Bishop on Unsplash

Digo porque escrever para a Yellow Sounds exigia de mim um esforço que eu gostava muito de fazer. Ninguém me cobrava nada nesse sentido, era eu quem gostava de ir além da pesquisa sobre o álbum em si. Eu gostava de ler sobre a vida do artista, sobre outros trabalhos, ouvir influências, buscar a opinião da crítica, descobrir ligações entre bandas ou ícones do meio e coisas desse tipo.

O resultado de tudo isso? Escrever sobre música era mais trabalhoso do que supostamente deveria ser e eu trouxe esse nível de trabalho também para o Yellow. Acredito que a razão para isso é o fato de que, como respondi em Quem sou eu para falar de música?eu não tenho qualquer formação ou conhecimento técnico que sirva como base para o que eu escrevo a respeito. Algo que me faz querer validar as minhas palavras para além da justificativa “esse é meu gosto pessoal”.

A “culpa” pela parceria com o PontoJão ter chegado ao fim, bem como pela frequência de posts por aqui ter caído bastante, porém, não foi somente desse meu processo de escrita. O mundo real de trabalho se tornou mais exigente à medida que eu busquei projetos mais ambiciosos. Conciliar tudo se tornou desafiador porque, vejam só, minha vida profissional também envolve a escrita e passar mais horas à frente do computador por causa do blog tende a ser exaustivo.

O cansaço atrapalha a minha criatividade, ou quase a mata. Não porque eu não consigo ter ideias legais, mas porque retomar o processo de escrita demanda tempo para pesquisar, ouvir e curtir cada minuto e meus olhos e meu cérebro pedem arrego.

Então, por que estamos aqui até hoje?

you.jpgSe você é uma das pessoas que já usou o espaço dos comentários ou entrou em contato comigo por alguma rede social para dizer que começou a ouvir tal banda porque leu a respeito no Yellow, você é um dos principais motivos pelos quais o blog ainda existe.

O segundo motivo talvez seja o mais egoísta de todos: eu gosto deste espaço que é meu, em que não há prazos e em que posso sim escrever aleatoriamente sobre o que eu quero usando como justificativa a ideia de que “esse é o meu gosto pessoal”.

E o terceiro motivo, o de compartilhar o prazer pela música e apresentar novos (sejam novos mesmo ou já rodados na cena musical) artistas para quem lê o blog é provavelmente o mais nobre de todos. Sou do grupo de humanos que acredita que, sem música, a vida na Terra seria um erro. E, por alguma razão, teimo em acreditar que sem pequenos espaços como o meu, pequenas emoções podem não acontecer com a frequência desejada na vida de artistas que estão em busca de seu lugar ao sol.

Eu não pretendia nada quando comecei o Yellow e também não sei  que será daqui pra frente. As minhas únicas certezas no momento são que a vontade de continuar permanece, a ânsia por descobrir artistas que mereçam um #ConhecendoBR aumentou e sem escrever eu não sobrevivo.

Bora comigo 2019 afora? Aproveita e me recomenda um artista aí, tô precisando pra mim e para manter o Yellow! Prometo retribuir o favor eventualmente, de forma particular ou por meio de um post no blog.

 

0 resposta

  1. Manter um blog é foda mesmo, uam hora vc tem que “crescer” e ir atrás de coisas que vão te trazer dinheiro. Mas é tão bom ter nosso espaço para compartilhar o que quisermos. Bom, espero que você continue com o blog, pois fui eu que te indicou no Superlistas aiuhauha

    1. Eu divido o blog com o trabalho com escrita há quase dois anos agora. Ao menos por enquanto, não há motivos pro Yellow parar/acabar. Só não posso garantir uma frequência melhor do que a que se tornou padrão aqui.
      E sobre o Superlistas, obrigada! Aquele post me rende visitas até hoje <3

  2. Feliz que tenha retomado o blog. Também estou tentando retomar o meu 🙂
    Tenho escutado muita música japonesa ultimamente. Utada Hikaru, Ikimono Gakari, Kobukuro e Goose House são os mais ouvidos, digamos assim. E uma música que considero excepcional, “One More Time, One More Chance”, de Masayoshi Yamazaki, que me lembra o estilo italiano de se cantar… <3

  3. Eu praticamente respiro música para escrever.
    Conheci seu Blog hoje, e já ganhaste uma seguidora.

    Embora eu ouça de tudo um pouco, tenho adentrado mais o universo dos músicos experimentais, especialmente os suecos e finlandeses. Músicas deste gênero estão me passando a atmosfera que busco para escrever. E aqui fica a dica musical: Lundin Oil – Assisting Genocide

    1. Ei, Bianca!
      Como você deve ter notado, o Yellow tá meio paradão. Mas ainda respira 🙂
      Fico feliz em ter você por aqui e vou seguir sua dica pra conhecer um pouquinho desse universo que você mencionou.
      Obrigada!

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O mundo dos blogs é cheio de tags e é bem legal ser indicado a participar de alguma. Desde já, agradeço a todos vocês! Destaco apenas que só responderei tags aqui caso elas se encaixem aos assuntos do Yellow.
Agradeço pela compreensão!

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