Música que faz sentir: Dona Cila (Maria Gadú)

Esta pode ou não ser uma nova categoria no blog. A ideia deste e de possíveis novos posts é falar sobre músicas que são carregadas de sentimento.

Qual a sua relação com a música? Acho difícil que alguém não ouça música sem que esteja em busca de intensificar ou dissipar algum sentimento. Por isso, temos ou buscamos estilos, álbuns ou playlists que nos deem ânimo para alguma tarefa ou nos ajudem a sair de um momento de tristeza, por exemplo.

Nem sempre, porém, a gente percebe de imediato o que uma música provoca em nós. “O som e a música produzem emoções que alteram a nossa fisiologia, nossos hormônios, o ritmo cardíaco e as pulsações. Utilizamos a música em muitos momentos, seja de forma consciente ou inconsciente”, explica uma publicação de A mente é maravilhosa.

E foi em uma dessas surpresas que eu me deparei com Dona Cila, da Maria Gadú e fiquei com um nó na garganta que, se eu não me cuidar, volta todas as vezes que coloco a música para tocar.

Dona Cila, uma homenagem à falecida avó de Gadú, apareceu no primeiro álbum de estúdio da cantora, um homônimo lançado em 2009. Talvez vocês se lembrem desse período em que a voz da Maria se fez ouvir no Brasil inteiro, embalando Shimbalaiê, o single usado na telenovela Viver a vida e que, apesar de todo sucesso, nem de longe é a melhor faixa do EP.

A história da música que faz sentir, destaque do post da vez, vem de toda uma vida compartilhada entre Gadú, sua mãe e sua avó, Dona Cila e de seu falecimento em decorrência de um câncer contra o qual lutou por cerca de um ano.

“Fui criada com ela, que me ensinou tudo, desde música até como me relacionar com as pessoas. Ela morreu há três anos e fiz essa canção um mês antes de ela partir. Ela nem chegou a ouvir”, disse Gadú à época do lançamento.

De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh’alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé
Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto
Teu olho que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé
Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer
Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um manto a ela, que ela me benze aonde eu for
O fardo pesado que levas
Deságua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho cheirando alecrim

A letra, sentimental e poética, reflete a sofrida e madura aceitação de que a avó tinha mesmo de partir. E, embora eu felizmente ainda não tenha perdido ninguém que me seja uma figura maternal (e espero que isso demore a acontecer), passei anos sentido de alguma forma a dor da perda da Dona Cila. O que ainda me falta? A maturidade emocional para entender como superar esse momento.

No clipe, Dona Cila é interpretada pela maravilhosa Neusa Borges e o roteiro retrata os sonhos da avó de Maria Gadú de se apresentar em um teatro municipal e desfilar na Marquês de Sapucaí.

E o resto é sentimento. Tão intenso, bonito e profundo que vou passar o resto dos meus dias pedindo licença para usar esses versos para expressar meu amor pelas mulheres referência da minha vida e para buscar forças na beleza de tudo isso, mesmo em meio a alguma dor.

Você já conhecia Dona Cila? Consegue sentir essa música como eu? Comenta aí 🙂

13 respostas

  1. Ouvi a Maria Gadú cantando Dona Cila hj e senti um nó na garganta… Pesquisei sobre a música e descobri q ela compôs p a avó, pensei inicialmente q era p a mãe. Ouvi de novo e as lágrimas foram inevitáveis. Que inspiração, q intensidade, q talento, Maria Gadú! E eu q não era fã, virei.

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