Vance Joy, Nation of Two e o conforto que um som familiar traz

Recentemente, o Spotify me avisou que o álbum novo do Vance Joy já estava disponível em streaming. Nation of Two foi lançado em fevereiro de 2018, quase quatro anos depois de seu debut com Dream your life away.

vance

Eu não tenho certeza de quando conheci Vance, mas sei que desde então Reptide From Afar entraram na lista das minhas músicas favoritas e, sobretudo por causa delas, eu estava ansiosa por um álbum de estúdio novo do cara australiano.

Já há alguns anos, neste blog e à época nas colunas do PontoJão, eu tenho falado sobre como acho interessante quando artistas saem da sua zona de conforto, diversificam e apresentam um som “novo”. Eu gosto de quem experimenta.

Porém, desde a minha experiência de reflexão com One More Light, do Linkin Park, que ganhou outros contornos depois da morte do Chester, tenho pensando em como é forte a ideia de que um som familiar é reconfortante.

E é por isso que tanta gente, inclusive eu, por vezes prefere ou se sente aliviado quando percebe que o artista favorito lançou algo novo, mas não transformou esse novo em algo lá muito diferente.

Se, por um lado, falta de criatividade, por outro, fidelidade a uma identidade e há uma variedade de contrapontos como esse que podem ser feitos para que a gente tente (e provavelmente) falhe em decidir se é melhor inovar ou se manter seguro, próximo daquilo o que os fãs já conhecem e aprovam.

Vance está só em seu segundo álbum de estúdio e eu estou feliz por ter, desde a primeira faixa, identificado o mesmo som indie-folk-pop que me conquistou anos atrás. É, como já disse, reconfortante porque tudo o que é seguro (me) abraça.

O outro lado: do conforto ao novo que, um dia, também conforta

Ao mesmo tempo, esse mesmo som pode ser uma interessante estratégia de simplesmente se apresentar tentando conquistar um público maior e, então, mostrar algo diferente depois.

Pensando no universo pop (de popular), sinto uma crescente necessidade de que os músicos saiam da sua zona de conforto, arrisquem e mudem. Outro dia, eu e o tio Rapha (leitor querido) conversávamos sobre como alguns artistas da atualidade estão durando mais do que o “esperado” e mais do que hits que duram poucos meses. E como, a cada sobrevida, se tornam mais fortes e melhores naquilo o que fazem ou, ao menos, mais sérios, encarando a música com mais profissionalismo e consciência.

Esse não é o caso de Vance Joy, mas é possível fazer um paralelo e pensar em como, depois de um tempo de existência no mercado, o som novo passa a ser o que conforta. Conforta porque mostra que nosso artista favorito — ou qualquer outro que a gente goste — conseguiu crescer, se superar e se manter relevante em um cenário cada vez mais cheio de “mais do mesmo”.

Pode parecer que eu apresentei duas ideias contraditórias, mas espero que tenham entendido que são, na verdade, uma sequência. Talvez um ciclo. E que nem sempre se aplica. Apesar de ter gostado de Sonic Highways, do Foo Fighters, por exemplo, morro de medo dos caras mudarem demais e nunca mais (risos!) nos entregarem algo como Concrete and Gold.

[Se você é fã do Foo Fighters, provavelmente acabou de entender melhor ou ter um exemplo desse ciclo de conforto entre sons familiares e novos]

Por fim, se você é fã de Vance Joy, gostou do primeiro álbum ou, ao menos, curtiu algum dos singles passados, pode gostar de conferir o vídeo acima e, depois procurar pelo álbum novo 🙂

 

 

0 resposta

  1. Também tive umas reflexões parecidas quando Heavy de Linkin Park foi lançada. Era cada pedrejada desnecessária a respeito de terem mudado um pouco o gênero musical, mas eu lá no meio não tinha bem uma opinião formada a respeito. Ainda penso nisso, mas seu post conseguiu colocar tudo de forma mais clara para mim também.
    Gosto de quando as voltas que a vida dá, atingem de algum modo a música. Renovação é bacana, mas voltar às raízes também tem seu valor…
    Abraço grande!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Quer indicação de música ou conversar sobre o assunto, ou descobrir mais de quem faz o Yellow? Me encontra aí:

Contato

Se você prefere emails a redes sociais, me manda um “oi” no [email protected] !

Álbum da vez!

O seu som no Yellow

Sobre TAGs

O mundo dos blogs é cheio de tags e é bem legal ser indicado a participar de alguma. Desde já, agradeço a todos vocês! Destaco apenas que só responderei tags aqui caso elas se encaixem aos assuntos do Yellow.
Agradeço pela compreensão!

Gostou do que eu escrevo e tá se perguntando se seu faço isso profissionalmente? Faço SIM! Entra ai no 'DeixaQue Eu Escrevo' para saber mais :)

HEY!