Fora da caixa surge para trazer tudo aquilo que não está assim tão ligado ao universo musical, mas que, por alguma razão, tem espaço no Yellow
Halloween. Época de falar de filmes de terror, livros de terror, músicas de terror… Coisas que, na maioria das vezes, eu passo longe porque sim, sou medrosa. Maaas, Edgar Allan Poe e suas Histórias Extraordinárias estão na minha estante e isso é porta de entrada para uma dessas conversas que reúne literatura e música.
Poe é o retrato do mistério. Foram 40 anos (1809 – 1849) envoltos, desde muito cedo, pela tragédia e pela morte. O abandono pelo pai, a morte precoce da mãe e os conflitos no lar adotivo e, posteriormente, a morte da esposa, são fatos que marcaram sua vida. Esse último, fez do Edgar um alcoólatra, o que pode ter ocasionado sua morte. Encontrado alucinando e vagando pela rua, ele foi levado ao hospital e morreu sem antes recobrar a lucidez.
Ele se foi, mas não sem antes deixar uma marca eterna na literatura mundial. Do que se sabe, Poe foi o primeiro americano a ganhar a vida apenas através da escrita (se você faz isso hoje, consegue imaginar que a vida do sujeito não foi nada fácil). Foi, também, um pioneiro dos contos e inventor da ficção policial – seu detetive, C. Auguste Dupin, é considerado precursor de Sherlock Holmes.
Sobretudo, Edgar Allan Poe é reconhecido por sua escrita peculiar e afinidade com a fantasia e o terror. É o mais notório representante do Romantismo Sombrio. Ao longo dos anos, a cultura popular se encarregou de dar a ele um ar cada vez mais digno de sua fama. Até sua aparência – cabeça grande, olheiras, palidez e olhar – parece ter sido agravada para que a imagem do homem fizesse jus à temática de seus contos.
Os Assassinatos na rua Morgue (1841)
Além de acentuar os contornos da face de Poe, a cultura popular abraçou sua obra para levá-la adiante. Há desde peças de teatro e filmes… à música. O Iron Maiden é uma banda que pode facilmente ser associada ao sombrio (nada de clichês de rock dos infernos por aqui). Uma das poucas faixas inéditas do segundo álbum de estúdio dos caras, o Killers (1981) é, justamente, a que leva o nome e se inspira no conto Murders in the Rue Morgue: um local fictício em Paris onde duas mulheres são brutalmente assassinadas. A resolução do caso fica por conta do já citado Dupin.
O Corvo (1845)
Sucesso instantâneo, O Corvo ou The Raven (1845) é o poema mais famoso de Poe. Provavelmente, o que mais inspirou artistas mundo afora. Importante o bastante para dar nome a um álbum conceitual lançado por Lou Reed (2003), em que ele tentou traduzir a atmosfera criada pelo autor. A faixa Edgar Allan, traz logo um bom direcionamento sobre o conteúdo do álbum e sua inspiração: as histórias de Edgar Allan Poe, um tipo pouco comum (ou “this are the stories of Edgar Allan Poe, not exactly the boy next door”).
Foi também influência para a faixa Nevermore (1974), do segundo álbum do Queen e é aparece nos frames finais do clipe de Hurricane, música do álbum This Is War (2009), do 30 Seconds to Mars. Vale ainda mencionar The Raven, do disco Tales Os Mystery And Imagination (1976), da The Alan Parsons Project.
Annabel Lee (1849)
O último dos poemas finalizados por Poe, Annabel Lee visita um tema recorrente para o autor: a morte de uma bela mulher (qualquer semelhança com a esposa pode não ser mera coincidência). Publicado somente após a morte de Edgar, retrata um “amor ideal” e tão forte que foi capaz de fazer inveja nos anjos e se manter para além da sepultura.
Ganhou versões musicais, dentre elas, a de Stevie Nicks em seu álbum In Your Dreams (2011). Há informações de que serviu de inspiração também para a música Just Like Heaven (1987), do The Cure:
Outros…
Há mais de Poe por aí e não é difícil encontrar. De Britney Spears, que nomeou uma de suas turnês como Dream Within a Dream, em referência ao poema homônimo de 1949, à capa de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club (1967) e a citação na música mais estranha feita pelos Beatles, I Am the Walrus.
0 resposta
Nunca iria imaginar que a tour Dream Within a Dream tivesse algo a ver com Poe 😮
Beijos,
Thaís
http://thaisgualberto.com.br
PS: Retomei o blog já com resenha musical <3
Ah eu ameeeei seu post!
Amo mto poe e não sabia mesmo dessas relações, adorei!
beijos.
amandatelo.com/blog
Que bom que curtiu, Amanda! É sempre legal descobrir algo novo sobre alguém que a gente gosta, né 🙂