Desde que a ideia de fazer a Yellow Brasil surgiu, pensei em escrever sobre Fernanda Abreu, a única artista brasileira a entrar para a minha lista de lançamentos favoritos do ano.
Antes de eu me dar conta, estava lá na infância, cantando Biquini de Bolinha Amarelinha, sem nem saber o que era a BLITZ ou o BRock – O rock brasileiro dos anos 80. A música em questão não é deles, a versão nacional é de Ronnie Cord, mas me lembro dela mesmo na voz de Fernanda, como faixa derradeira do segundo álbum da banda, Radiotividade (1983).
Apesar de conhecer outros hits da BLITZ, é apenas essa canção que me faz pensar na Fernanda daquela época. A bem da verdade é que eu só me interessei, de fato, por ela quando conheci o novo álbum que, a princípio, seria o único destaque do post de hoje. Mas, como fiz uma viagem no tempo para tentar conhecer melhor, acabei descobrindo mais álbuns que me agradaram e tentei ser breve para não fazer um post gigante.
São seis álbuns de estúdio e quatro coloco como indicação* para quem estiver chegando para conhecer o som dela.
Fernanda Abreu é pop e o “dance disco” no título do primeiro álbum – SLA Radical Dance Disco Club* (1990) – não é sem razão. Além d faixa que leva o mesmo nome, destaco Space Sound To Dance e Kung Fu Fighting, todas em inglês. Gostei também de Você Pra Mim e Vênus Cat People, minha preferida.
Fernanda é, também, pop-funk e uma mistura de várias outras influências. SLA 2 Be Sample* (1992) é um bom exemplo disso, mas aqui o destaque vai mesmo para Rio 40 Graus – e Jorge da Capadócia, Sigla Latina do Amor e Boogie Oogie Oogie.
https://www.youtube.com/watch?v=2vyBu2q2jcs
A qualidade da imagem do vídeo não está nada legal. Eu tinha a opção de versões ao vivo, visualmente melhores, mas quis trazer o clipe oficial para, novamente, honrar a memória da saudosa MTV.
Essa música é uma das que mostra que Fernanda tinha o desejo de se manifestar sobre as questões do país, provocar debate, questionar… O álbum que veio na sequência, Da Lata* (1995), recebeu esse nome por duas razões: a história do navio gringo que despejou maconha – supostamente de boa qualidade – dentro de latas no mar do Rio, fazendo com que “da lata” representasse algo bom; e o contraponto com a lata, material barato, representando a pobreza do país.
Estamos falando de um dos melhores álbuns latino-americanos lançados naquele ano. Um bom momento para ressaltar as parcerias. Em Garota Sangue Bom – garota carioca, suingue sangue bom – Fernanda canta com Fausto Fawcett e, em Veneno da Lata, com Hebert Viana. Ambos já haviam trabalhado com ela antes, co-escrevendo músicas gravadas nos álbuns anteriores. Esse é um dos que vocês realmente deviam ouvir todo, mas vou complementar os destaques com Babilônia Rock!
Entidade Urbana (2000) teve a difícil missão de seguir Da Lata e também Raio X uma coletânea que também fez sucesso. Talvez por isso, não tenha recebido uma crítica tão positiva: não apresentou nada novo ou incrível o bastante para superar o que havia sido feito até então. Na Paz (2004) veio um tempo depois e foi o último até a pausa de mais de 10 anos até Amor Geral* (2016).
Enfim, o novo álbum que veio para marcar o retorno de Fernanda Abreu ao cenário nacional. O álbum que me conquistou e nos trouxe até aqui, me fazendo interessar pela trajetória dela para entender de onde vem a mulher que tem um “lugar reservado e vitálicio no hall da música pop brasileira“.
Para mim, Amor Geral é realmente o resultado de tudo aquilo que Fernanda aprendeu e refinou do que já produziu até hoje. Difícil apontar destaques, mas não posso deixar de citar o single Outro Sim – que me chamou atenção para o álbum – e Tambor, a música que mostra que ela continua gostando de apresentar suas influências que, na verdade, nos são apresentadas a todo o tempo.
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Antes de terminar, vou compartilhar que foi um pouco difícil achar bons vídeos da Fernanda. Não sei dizer dos outros serviços de streaming, mas no Spotify só tem o álbum novo. Achei a discografia incluindo todos os álbuns anteriores + o MTV Ao Vivo neste link, feito por um fã.
4 respostas
Lari
não comentei antes por motivos de: não SUPORTO Fernanda Abreu.
Nem a atitude, nem a música, nem o estilo… nada. :(((
Sério? haha
Por que? Tô realmente curiosa. Como disse no álbum, lido com ela há pouco tempo e nem sei se rolam tretas ou qualquer coisa… 😮
Fernanda Abreu foi, é e sempre será a dona do pop nacional brasileiro. Fernanda tem uma postura admirável como pessoa e como artista, se envolve em causas importantes e politicamente, é um exemplo de pessoa pensante e lúcida. Fernanda é singular, ímpar e especial. AMO FERNANDA ABREU!!!
Que bacana esse depoimento, Jefferson!
Preciso acompanhar Fernanda ainda mais de perto, então 🙂