Tidal para todos?

O slogan Tidal for all foi amplamente usado na divulgação do Tidal o mais novo serviço de streaming do pedaço, lançado pelo multifuncional Jay-Z. E disso vocês, obviamente, já sabem. Mas, o Yellow quer saber, será que o Tidal é realmente for all?

A ideia de Jay-Z com o Tidal é dar uma remuneração mais justa para os artistas, oferecer música com mais qualidade de som e material exclusivo para os usuários (que são necessariamente assinantes). Maaas¹, como eu sempre cismo quando algo novo (Tidal) chega para brigar com algo que já estou acostumada (Spotify) resolvi refletir sobre quais as vantagens e desvantagens do novo serviço.

taylorEm quais aspectos all saem ganhando?

Bom, na minha visão, o Tidal é atraente principalmente para os músicos, em especial, os já conceituados, como os que compõe o time de convidados do rapper – Beyoncé (claro), Madonna, Rihanna, Jack White, Arcade Fire, Daft Punk e outros. Isso porque, diferente do Spotify e demais concorrentes, o novo serviço de streaming promete remuneração mais justa e direta aos artistas (os valores não foram revelados). Essa novidade é tão atraente que até a Taylor Swift, que tirou todas as suas músicas do Spotify, está nessa. Maaas², nem todos os músicos veem a novidade com bons olhos…

E o consumidor? Bom, o fã de música ganha pela qualidade. A proposta do Tidal de LossLess é diminuir (e muito) o quanto as músicas perdem em qualidade quando são compactadas para internet. Enquanto no serviço de Jay-Z a música roda a 1411kbps, no Spotify a execução é em 320kbps apenas. Sendo assim, a experiência de quem optar pelo serviço pode ser bem mais satisfatória do que os demais…

Em que aspectos all saem perdendo?

A essa altura você já deve ter imaginado que estou tentando prever o futuro… Pois bem. Quando disse que nem todos os músicos estavam felizes com a novidade, foi principalmente com base enessa declaração da Lily Allen:

Amo Jay-Z, mas o Tidal é muito mais caro se comparado a outras serviços perfeitos de streaming. Ele pegou os maiores artistas e os tornou exclusivos do Tidal… Isso vai fazer as pessoas voltarem em bando para os sites de pirataria e fazerem downloads ilegais.

Lily ainda ressaltou que os artistas menores e em ascensão são os que mais sofrerão com o esquema do novo serviço. As declarações foram feitas pelo perfil da cantora no Twitter, onde você também pode ler as respostas dela aos que a chamaram de invejosa por não estar no seleto grupo de convidados do Tidal.

Não é novidade que os serviços de streaming são a solução mais atraente que a indústria encontrou até o momento para lidar com a era de consumo digital massivo e tentar fazer isso dar certo para todos os envolvidos. E estava (?) indo tudo bem… Os produtos foram se popularizando e ganhando adeptos não apenas nas versões gratuitas! Isso porque o consumidor encontrou uma plataforma que disponibiliza várias músicas, com qualidade boa  sem o risco de virus-surpresinha a cada download.  Maaas³, como Tidal é mais caro do que os concorrentes (mensalidades de US$ 10 ou 20) e não apresenta versão gratuita (apenas um período de teste de 30 dias), pode acabar sendo um grande tiro no pé e contribuindo para o consumo de material pirata, especialmente com relação ao tal conteúdo exclusivo.pirate

Que conteúdo exclusivo?

Bom, alguns artistas escolhem ter seu conteúdo disponibilizado apenas em um determinado serviço de streaming. Além disso, o Tidal promete conteúdo exclusivo, incluindo entrevistas. Maaas4, mais uma vez, essa ideia não é totalmente uma novidade no mercado. O próprio Spotify faz sessões exclusivas inclusive com iniciantes: o chamado SpotifySessions. Sobre músicas serem lançadas primeiro no Tidal… Bom, Apple e o próprio Spotify também já fazem isso.

Tidal x all – Como fica a concorrência?

Acho que já está mais do que claro que o fato dos concorrentes terem serviço gratuito é uma desvantagem para o Tidal. Fora isso, é de se imaginar que novidades e aumento de competitividade façam os serviços já existentes tentarem evoluir (assim a gente espera né?!).

Mesmo que essa não seja (ainda) a realidade, vale lembrar que não faz muito tempo que a toda-poderosa-Apple comprou o Beats Music, um outro serviço de streaming da Beats – aquela marca de eletrônicos que faz os fones legais. O serviço deve ser lançado ainda esse ano e, quem sabe, a toda-poderosa-Apple não inove com LossLess mais acessível $$ e com versão gratuita. Além de tudo isso, a toda-poderosa-Apple ainda é dona do iTunesum serviço de distribuição de música que deu certo. Em outras palavras, know how.

Sobre a remuneração para os artistas:

Os outros serviços pagam por vez que a música é tocada. No Spotify, a soma é de menos de US$ 0,01 por streaming. Dá para entender bem porque o Tidal atrai os artistas e também porque existem bandas como AC/DC que não são adeptas a esse tipo de serviço.

Existem porém, artistas como Lily que entendem que é preciso se adequar à nova realidade do universo digital e estão de boa com o Spotify e outros. Existe também o Dave Grohl que não se importa com o valor pago pelo serviço e basicamente acha que fazer música boa leva os fãs aos shows e é disso que os artistas realmente precisam.

Para se informar mais:

– Vocês podem (devem) ouvir o podcast super bacana que a galera do Resenhas.Jao fez falando sobre o assunto! Super recomendo também que conheçam e acompanhem o blog deles!

– Me deparei com o texto “Acclaimend critic explains why Jay-Z’s new streaming music service will fail” ou em bom e velho português Aclamado crítico explica porque o novo serviço de streaming de Jay-Z vai falhar. Vocês podem ler o texto em inglês aqui. Mas, já adianto que ele acha que o Tidal não vai dar certo por uma série de fatores como falta de experiência, não ter versão gratuita e por não apresentar um esquema interessante para pequenos/novos artistas, fazendo com que não dominem o conteúdo exclusivo.

– The Guardian fez uma lista com 10 coisas que você precisa saber sobre o Tidal, incluindo a constatação de que o desejo de pagar mais aos artistas pode não ser tão fácil quanto Jay-Z e seus amigos desejam.

0 resposta

  1. Por trás da bandeira de “liberdade, justiça e reconhecimento” levantada pelo Jay Z eu vejo um interesse ganancioso por ganhar mais. Música é arte antes de ser mercadoria. O Spotify foi uma revolução, que agradou a maioria dos artistas e deu opções boas ao consumidor. Esse Tidal é um atraso.

    1. Eu até entendo que artistas mereçam ganhar mais, mas gosto da visão do Dave sobre isso e concordo bastante com o que você disse, Fabio. Inclusive, se assim for, Tidal está ainda mais fadado ao fracasso!
      Bom te ver por aqui 🙂

  2. Que post ótimo, Lari.
    Eu não sabia nem da existência desse Tidal pra falar a verdade rs. Me encontrei no Spotify e estava inclusive pensando em pagar o serviço premium porque o gratuito ajuda, mas deixa a desejar também rs.
    Eu acho um grande problema essa coisa da “exclusividade”. Porque se cada músico ceder seus direitos para um serviço, quem se ferra é a gente que teoricamente teria que pagar mais de um app para ouvir diferentes artistas. O que deveria acontecer é disponibilizar ou não no streaming, independente de qual ele for. {Sonhar não custa! Quem dera se todos vivessem no lindo mundo de Dave Grohl <3}
    http://www.sistematicas.com.br

    1. Obrigada, Gabi (tô bem feliz com ele também, hihi).
      Bom, as opções gratuitas “precisam” deixar a desejar justamente para que nos tornemos assinantes e acho que ninguém que assina Spotify se arrepende depois 🙂
      Realmente, a exclusividade é o maior dos problemas. Por isso, deve levar à pirataria que também não é lá a melhor solução pra gente que já se adaptou ao mundo do streaming né!
      Veremos o que acontece!
      E sim, Dave <3

  3. Eu amo muito a Beyoncé e um pouco menos o Jay, buuut desde o começo não gostei do Tidal. Foi muito marketing mostrando os participantes como reis e rainhas, donos do mundo e tal, meio que exclusivo demais para outras pessoas. Esse povo já é rico pra caralho e ainda querem mais?
    Esse post está perfeito, muito bem escrito. Parabéns.

    1. Vou confessar secretamente que tô até feliz com as pessoas não gostando do Tidal junto comigo o/ haha
      E o Tidal foi bem isso mesmo, Jay-Z e os poderosos tentando dar uma de beyoncé de run the world. Mas, acho que vai dar fail :p

  4. How to make money in the age of the Internet. It’s a real dilemma for musicians and artists alike. I’m not familiar with Tidal, but I just have to wonder how well any of the music services will do when people have come to expect music to be free?
    I think the consumers are the biggest winners in the age of digital music, because now there are so many choices of how to get content delivered. I grew up with vinyl albums and tapes as the only choices for recorded music, until the 80’s when CDs became readily available. I used to make mixes on cassette tapes of my favorite songs from the many vinyl albums I had. It took a lot of time, and then the cassette decks often ended eating the tapes. Then I burned mixes onto CDs from the CDs I copied onto my computer. So when mp3 players became available, making a digital play list on an mp3 player was so refreshing. Sacrificing sound quality for convenience was worth it, for older folks like me who were used to high fidelity, but for many of the younger generation, they have never really experience high fidelity, so it doesn’t seem to matter much anymore.
    And now there are lots of choices for streaming. I started streaming France Inter radio on my iPhone when I’m in the car, because I can’t stand the commercials they play between songs on the local radio stations, and they play a lot of commercials. There is a strike in France, so France Inter has been playing only music, with news at the top of the hour. They play are variety of American, French and British jazz, classic rock, modern rock, pop and punk. This morning France Inter played “Mellow Yellow” by Donovan, and I thought about you with your Yellow blog, and it made me smile. Are you familiar with the song “Mellow Yellow”?

    1. Yes, I’m familiar with Mellow Yellow. Good thing that thinking about Yellow while listening to the song made you smile 🙂
      Well… About high fidelity, the vinyls are back and the selling is increasing each year (what I consider awesome – I had some vinyls as a child). But, I think you’re totally right to point that for most of people this fidelity is not the most important thing anymore.
      The streaming services, from where I see them, are a great deal for both music fans and musicians. Yeah we expect music to be free but these services (others than Tidal) are not expensive and end up being worthy. Tidal, one the other hand I think will not have a bright future. We’ll see…

      1. You are fortunate to have experienced vinyl. There are so many young people who really don’t know what good sound is. But I can also say the same for photography, as many people have never experience the quality of film photography.

        1. I’m soooo glad I have experienced both! In fact, I even learnt how to reveal film when in college. It’s one of the cullest things I’ve ever done! And I also love the expectation for “lets see if we made a good photo or not”. Of course, digital era prevents us of losing the oportunity of making good photos in places or situations we may not experience again.

          1. Although digital photography and music has little or no archival qualities like film and vinyl. With digital, if hard disks crash, clouds crash or malware or hackers erase them, the images and sounds can all be gone in a flash.

          2. Just a few minutes ago, a staff member asked me if we had anything that could read a floppy disk, because he needed to get an old CAD drawing off of a floppy disk. It just happened that we don’t have a single functioning computer with a floppy drive, and I haven’t found a USB floppy drive among all my old equipment so far. Until I come up with a floppy drive, he’s stuck. I guess you can argue the same thing about needing a turntable and needle to play records, a tape deck to play tapes, and enlarger to print negatives and so on.

  5. A primeira vez que estou a ler tudo sobre assunto, mesmo com toda a agitação que andou pelo facebook. Eu pessoalmente não me interesso por serviços pagos, e o Spotify faz tudo o que preciso na versão gratuita.
    Vamos lá ver como corre o projeto e como os outros respondem.
    Beijooooos 🙂

    1. A versão gratuita do Spotify é mesmo satisfatória. Para mim, algumas coisas incomodam, como os anúncios e, por isso, acho válido assinar. Mas, para muitos (e não há nada de errado nisso) a versão não paga é suficiente e todos saem ganhando!
      Beijos e até breve.

  6. Acho válida a proposta do Mr. Carter massss…. como eu digo: as grandes bandas se beneficiarão e as independentes e de menor visibilidade ficarão prejudicadas. E isso pode levar a outra consequência, Jay-Z pode deixar de levar música de qualidade por conta dessa discrepância. Acho que o serviço ainda tem muito a evoluir e espero que ele corrija essas diferenças, se não, estaremos condenados a ficarmos reféns de um produto. Voltaremos na época em que as grandes gravadoras dominavam e mandavam em tudo, o que eu não quero que aconteça!

    1. Eu ainda tenho esperança de quem o Tidal dê errado e não consiga provocar grandes danos… Tenho mesmo. Acho que existem muitos aspectos para fazer esse serviço ser um #fail e assim espero (pelo menos por enquanto), rs

  7. Autor, não é LessLoss, é Lossless, só avisar mesmo.
    O argumento de vender streaming de Lossless audio é um pouco furado. Pra vc realmente sentir diferença entre os 320kbps do Spotify e os 1440kbps do Tidal são necessários:
    – Uma conexão estável (seu 3G/4G vai te deixar na mão)
    – Hardware de ponta (leia-se fone muito bom e player preparado para reproduzir “o que não foi comprimido”)
    – Ambiente adequado/controlado (sem interferência sonora)
    – Ouvido “treinado” (para perceber a diferença)
    Resumindo, pagar 20 dólares por mês e acreditar que vai ter um puta som no iPhone enquanto corre é ilusão.
    Pra se ter uma ideia, a Sony vende um player portátil preparado para reproduzir lossless audio, custa só 300 obamas (e não inclui fone) …
    Tidal é mais tacada de marketing do que serviço revolucionário..

    1. Opa! Obrigada pelo toque… Erro corrigido 🙂
      E sobre essas diferenças eu realmente não entendia – obrigada pela explicação também! Coloquei a informação a título de comparação mesmo. Agora, com isso qe você esclareceu, o Tidal só fica “pior” na minha visão.
      Vamos ver se com o tempo isso muda. Para isso, obviamente, o serviço teria que mudar também.

  8. Excelente, lembrando que, em se tratando de todos os streamings estarem fazendo divulgação para os artistas sem que eles tenham que pagar por isso, já vale deixar a música nos streamings, afinal de contas é convite para o consumidor de música adquirir outros produtos do próprio músico. O mercado mudou e o streaming é uma mão na roda no combate a pirataria.
    #tidalfornoone galera!

  9. Então isso é o tal Tidal. Eu vi um burburinho sobre isso um tempo atrás na internet e pelo tanto de artistas achei que se tratasse de parcerias para algum CD coletivo algo assim hahah.
    Eu também acho que o sistema está andando pro caminho da falha viu, sinceramente querer pegar um grupo seleto de artistas e ter uma proposta muito semelhante a outras plataformas, por um preço mais caro não faz muito sentido pra mim. Acho que isso tudo só reflete que ele quer ganhar mais dinheiro e não mais liberdade como propõe. E como disse o Dave Grohl, se sua música é boa você atrai público para shows e cobra um valor mais justo neles. JayZ tá meio por fora da revolução da internet, só acho.
    Amei o texto, ficou ótimo 🙂

    1. Obrigada! 🙂
      Li, mais recentemente, que JayZ disse que o Tidal é um projeto pra longo prazo etc, etc… Talvez dê certo no futuro. Mas, sendo a longo prazo, já os ajuda a pensar em todas as críticas que receberam né?!
      ps: Antes fosse um CD coletivo haha

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